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Vasco da Gama e demais clubes da 777 Partners terão ações leiloadas nesta sexta-feira



Por Redação
Foto: Divulgação/Vasco da Gama


O futuro de seis clubes de futebol, incluindo Vasco da Gama, Genoa, Sevilla, Hertha Berlin, Standard Liège e Red Star, será decidido nesta sexta-feira (5), em um leilão público que acontece desde às 12h (horário de Brasília) no escritório do escritório de advocacia Cadwalader, Wickersham & Taft LLP, nos Estados Unidos. A venda envolve todas as ações que ainda pertencem ao grupo 777 Partners, empresa que atualmente mergulha em uma grave crise financeira. A informação foi veículada pelos jornalistas Paul Brown e Philippe Auclair, do portal norte-americano Josimar News



O leilão é resultado do colapso da 777 Partners, que acumula dívidas milionárias após anos de investimentos considerados arriscados em clubes de futebol e outros setores, como aviação, fintech e financiamento de litígios. Segundo documentos públicos, esses aportes foram financiados, na verdade, pela seguradora americana A-CAP, apesar de os sócios Josh Wander e Steven Pasko afirmarem que usavam apenas recursos próprios. A estratégia fracassou e a empresa entrou em rota irreversível de falência.



A origem do leilão está em um empréstimo inicial de US$ 23 milhões feito pela A-CAP a uma afiliada da 777, chamada Nutmeg Acquisition. Com o aumento das dívidas e a necessidade de manter os clubes funcionando, esse valor foi renegociado mais de uma dezena de vezes, até atingir, no final de 2024, a cifra de US$ 350 milhões.



Diante da inadimplência, a A-CAP executou as garantias vinculadas ao empréstimo, que incluem todas as participações acionárias da 777 nos seis clubes. De acordo com um documento judicial, os ativos serão vendidos "ao maior lance ou à melhor proposta qualificada", a critério exclusivo da ACM Delegate, uma afiliada da A-CAP. A seguradora, no entanto, se resguarda o direito de cancelar ou adiar a venda sem aviso prévio.



O leilão também acendeu mais uma batalha judicial. A Leadenhall Capital Partners, outro credor da 777, acusa a A-CAP de estar desviando ativos para não pagar uma dívida de mais de US$ 650 milhões. A empresa entrou com uma moção por descumprimento de ordem judicial em Nova York, alegando que a A-CAP desrespeitou uma liminar que impedia a movimentação dos ativos.



Embora Leadenhall não peça a suspensão do leilão, exige que os ativos sejam vendidos por um valor de mercado justo e que os recursos obtidos sejam destinados a todos os credores, e não apenas à A-CAP. A empresa também cobra sanções compensatórias de US$ 11,8 milhões, classificando esse valor como “uma gota no oceano” perto dos lucros que a seguradora teria desviado da 777 Partners.



QUEM COMPRARIA?
O cenário, no entanto, é desafiador. As participações acionárias estão fragilizadas por disputas judiciais em quase todos os clubes. No caso do Vasco, uma decisão administrativa no Brasil já retirou o controle da 777 sobre o clube. As ações do Genoa foram diluídas para menos de 25% após uma rodada de capitalização que deu o controle a um grupo romeno. Hertha Berlin e Red Star escaparam por pouco do rebaixamento em suas ligas, enquanto o Standard Liège vive uma crise financeira, agravada após a desistência de uma negociação com um consórcio belga, que também teria apoio da própria A-CAP.



Além disso, todo o portfólio de clubes carrega dívidas vultosas, o que explica por que, apesar de tentativas anteriores da A-CAP em vender os ativos de forma individual, nenhuma negociação avançou. Quando conseguiram vender sua participação no Melbourne Victory, foi sem obter retorno financeiro.



Diante desse quadro, cresce a expectativa de que a própria A-CAP faça um "lance de crédito", mecanismo no qual um credor usa sua dívida como moeda para adquirir os ativos, sem desembolsar dinheiro novo. O fato de o aviso oficial do leilão ter sido divulgado apenas no dia 29 de maio, bem abaixo do prazo usual de 45 dias, levanta suspeitas sobre a real intenção da seguradora em atrair compradores externos.



RISCOS FUTUROS
Mesmo que os ativos sejam vendidos, existe o risco de que uma eventual declaração de falência da 777 Partners nos Estados Unidos leve um administrador judicial a anular o negócio, dependendo das circunstâncias e da pressão dos credores. Fontes ligadas ao processo afirmam que há grupos de credores se mobilizando para forçar judicialmente essa falência.



O leilão ocorre ainda sob um pano de fundo de investigações conduzidas pelo Departamento de Justiça dos EUA (DoJ) e pela Comissão de Valores Mobiliários (SEC) contra tanto a 777 Partners quanto a A-CAP. Os órgãos apuram suspeitas de má gestão, fraude e possíveis irregularidades no uso de recursos de seguradoras.



A-CAP e os Reguladores
Paralelamente, A-CAP vinha enfrentando processos dos departamentos de seguros dos estados de Utah e Carolina do Sul, que chegaram a determinar que a empresa parasse de operar devido à sua situação financeira, diretamente afetada pelos empréstimos feitos à 777 Partners. No entanto, a empresa obteve uma vitória judicial em Carolina do Sul e, surpreendentemente, conseguiu chegar a um acordo com Utah, levando ao arquivamento do processo no último dia 23 de maio. Com isso, a seguradora não precisa mais da autorização dos reguladores para realizar o leilão.

 

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