Por Victor Hernandes

Foto: Geovana Albuquerque / Arquivo Agência Saúde GDF
A Bahia registrou uma das médias mais críticas nos dados relacionados à quantidade de especialistas em Ginecologia e Obstetrícia do Brasil. Um levantamento da Demografia Médica 2025, acessado pela reportagem do Bahia Notícias, mostra que o estado tem uma média abaixo da razão nacional dos números de profissionais. Ambas categorias são consideradas exclusivas e essenciais para a saúde da mulher.
A pesquisa apontou que na comparação com o nível nacional de 37,07 especialistas por 100.000 mulheres, a Bahia tem somente 24,49 médicos por 100.000 pacientes do sexo feminino. A oferta desses profissionais entra na lista das unidades da Federação inferior a marca, dividindo o ranking com o Ceará (24,31), Amapá (23,29), Acre (21,46), Amazonas (20,09), Pará (15,34) e Maranhão (15,03).
Os números foram na contramão de outras regiões do país, a exemplo de Brasília, que liderou a média com 91,96, São Paulo em 47,38 Espírito Santo em 46,85 e Rio Grande do Sul 46,68, Mato Grosso do Sul, 41,06 e Rio de Janeiro com 40,93.
A Associação de Ginecologia e Obstetrícia da Bahia (SOGIBA) informou ao Bahia Notícias, que por conta desses números, vai avaliar a atual distribuição dos ginecologistas e dos obstetras atuantes no estado. A entidade disse que vai acompanhar também possíveis fatores que contribuem para o atual cenário.
“É um indicador que merece uma análise mais aprofundada antes de qualquer manifestação da associação”, disse a associação ao BN.
Em entrevista ao Bahia Notícias, o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb), Otávio Marambaia, afirmou que os dados obtidos em território baiano preocupam a entidade por conta da necessidade de mais especialistas da área. Segundo ele, a falta desses médicos pode ocasionar em diferentes problemas para as mulheres, principalmente das gestantes, que necessitam de serviços obstetras.
“Esse é um dado que preocupa, até porque precisamos de mais profissionais tecnicamente formados para atender as mulheres e, principalmente, naquele instante da mulher gestante, uma vez que nós temos hoje uma das taxas de mortalidade materno-infantil mais altas do Brasil, comparados a locais como a África Subsaariana, fazendo da Bahia um dos piores lugares para se nascer. Uma das causas disso é o número insuficiente de ginecologistas e obstetras, mormente pelas dificuldades encontradas nas condições de trabalho que esses profissionais têm que se submeter, principalmente na área pública”, observou.
O presidente do Cremeb indicou que o baixo número de trabalhadores do setor se deve a más condições de trabalho e por conta questões contratuais classificadas como precarizadas.
“A primeira questão é as más condições de trabalho. Segundo é a questão de vínculos empregatícios e contratos, que estão extremamente precarizados, onde os profissionais não têm segurança e, de fato, isso leva a uma insegurança que as pessoas preferem fazer outras especialidades onde não seja tão demandada”, considerou Marambaia.
O porta-voz ainda alertou a necessidade de ter uma quantidade duas vezes maior das duas classes, em especial na rede pública baiana.
“Diante da situação caótica em que nós estamos na assistência obstétrica na Bahia, eu acredito que, no mínimo, o dobro dos profissionais que já existem atuando deveriam ser formados para suprir a necessidade do estado. O número de profissionais para atender a saúde da mulher é um fato relevante. Isso é realmente um dado que necessita da atenção, principalmente, dos setores públicos", contou o médico.