Por Redação

Foto: Reprodução/ EBC
Com um recorte temporal de 10 anos, a Operação “Lei Para Todos” listou 14 pessoas envolvidas no esquema de lavagem de dinheiro envolvendo o jogo do bicho e máquinas de caça-níqueis em Salvador. A investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco) aponta que, no período, foram movimentados mais de R$ 5 bilhões, com mudanças pontuais entre as empresas envolvidas na mesclagem entre recursos de origem lícita e ilícita.
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Dois dos réus no processo são qualificados como fundadores da banca “Paratodos”, do jogo do bicho: Adilson Santana Passos e José Geraldo de Sousa Almeida. Ao longo dos anos, no entanto, eles transferiram a condução dos negócios para os filhos, Adilson Santana Passos Júnior e Leandro Reis Almeida, porém sem abandonarem as práticas consideradas delituosas listadas no âmbito da denúncia. Os quatro aparecem como líderes do chamado núcleo do “jogo do bicho” na operação, obtida com exclusividade pelo Bahia Notícias.
Adilson Júnior e Leandro Almeida assumiram, então, as responsabilidades dos pais no esquema, com uso inicialmente da Cellcred Telecomunicações e Serviços LTDA para receber depósitos bancários em espécie. Apenas entre dezembro de 2012 e dezembro de 2013, essa empresa recebeu 92 depósitos de Adilson Júnior que totalizaram quase R$ 30 milhões, cita a denúncia. Já Leandro Almeida efetuou, entre abril e junho de 2009, 30 depósitos que somaram R$ 7,5 milhões. Ambos são qualificados, pelo MP-BA, como lideranças do esquema. A Cellcred acabou saindo de cena após a Operação “Dominó”, deflagrada em 2013 e que prendeu o próprio Adilson Júnior na deflagração.
Augusto César Requião da Silva é apresentado como líder do núcleo das máquinas caça-níqueis. Entre janeiro de 2010 e junho de 2016, ele teria movimentado, utilizando empresas de fachada, mais de R$ 50 milhões em “quantias expressivas de depósitos em espécie, de forma fracionada, com o intuito de ludibriar os órgãos de fiscalização, e, em seguida, realizaram diversas transações, inclusive entre si mesmas, para dificultar o rastreamento do dinheiro”.
Frederico Pedreira Luz e Maria Teresa Carvalho Luz aparecem como criados do núcleo do jogo do bicho eletrônico, com o uso de maquinetas de recarga de celular para apostas, por meio de um software desenvolvido pelo grupo. Ambos aparecem nos relatórios técnicos como sócios das franquias do McDonald’s em Salvador e, conforme entendimento do Gaeco, apresentavam “faturamento irreal” em depósitos em dinheiro de valor igual ou superior a R$ 100 mil, numa média mensal de R$ 1,3 milhão entre setembro de 2010 e setembro de 2015.
Joana Mascarenhas Requião da Silva é filha de Augusto César e manteve sociedades empresárias na Augurio Construções e Terraplanagem LTDA e Augurio Empreendimentos e Participações LTDA para “movimentar o dinheiro da jogatina, mediante a realização de variadas operações financeiras para mascarar a origem ilícita dos recursos”.
Leonardo Reis Almeida é irmão de Leandro Almeida e teria adotado as mesmas práticas dos citados anteriormente para “dissimilar a origem ilícita” dos recursos, com o uso da empresa familiar LJMX Participações e Empreendimentos LTDA. Segundo o MP-BA, apresentou uma evolução patrimonial de 171% entre 2010 e 2015.
Os outros denunciados são José Fernando de Carvalho Júnior, João Carlos Pinto, José Luiz de Oliveira Simões, Julio Vinicius Reis Almeida e Marcos Augusto Pinto, que aparecem em estruturas societárias ou em movimentações financeiras atípicas conforme relatórios do COAF e em quebras de sigilo obtidas pelo MP-BA em mais de uma ocasião.