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YouTube exibe falsas lives de apostas do ‘tigrinho’ voltadas ao público infantojuvenil



Foto: Joédson Alves / Agência Brasil



O YouTube tem transmitido falsas lives de apostas, em que streamers alegam ganhar valores altos explorando “bugs” em plataformas de jogos online, como o Fortune Tiger, conhecido como “tigrinho”. Apesar de parecerem ao vivo, os vídeos são gravados e frequentemente repostados em canais direcionados ao público infantojuvenil.

Nas últimas semanas, foram identificadas uma média de 20 transmissões simultâneas, alcançando até 340 mil espectadores ao mesmo tempo, segundo informações denunciadas pela Folha de São Paulo. Isso ocorre apesar de uma liminar do STF (Supremo Tribunal Federal) que proíbe publicidade de jogos de apostas para crianças e adolescentes.

Entre os canais que hospedam as transmissões está o SrPedro, com quase 3 milhões de seguidores, e outros com conteúdo infantilizado. Alguns criadores, como Vinícius Leme, de 23 anos, alegam alugar seus canais para empresas que realizam as transmissões fraudulentas.

As lives direcionam espectadores para links com promessas enganosas de lucro fácil, promovendo plataformas como Lotogreen, Goldebet e Donald.bet, algumas regularizadas, outras consideradas irregulares pelo Ministério da Fazenda. Segundo o Ministério do Esporte, muitos desses sites desaparecem com o dinheiro investido pelos apostadores.

Procurada pela Folha, a plataforma Youtube não respondeu sobre a manutenção das lives ou os mecanismos que recomendam essas transmissões em abas populares como “jogos” e “ao vivo”.

O Ministério da Justiça afirmou que as denúncias devem ser feitas ao Ministério Público, enquanto a Fazenda informou que está discutindo com o YouTube um acordo de cooperação técnica para bloquear conteúdos ilegais. Eduardo Nepomuceno, coordenador de Política de Classificação Indicativa do Ministério da Justiça, declarou que a atual legislação não permite classificação indicativa para canais do YouTube, mas apenas para o aplicativo da plataforma, que não é recomendado para menores de 14 anos. “Eu suponho que qualquer ação para coibir isso dependa do Ministério Público e do Judiciário”, disse.

Ainda conforme a Folha, as transmissões seguem um padrão: um streamer mostra comprovantes de depósitos em seu celular enquanto reforça a narrativa de um bug supostamente recente, com links nos comentários para novos apostadores.
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