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Maior parte da Mata Atlântica tem menos de 30% de vegetação nativa



Por Redação
Foto: Thomas Bauer / SOS Mata Atlântica


A Mata Atlântica foi o bioma que mais sofreu alterações na cobertura e uso da terra no Brasil entre 1985 e 2023, conforme análise divulgada nesta terça-feira (26) pelo Mapbiomas. Em 39 anos, a área agrícola na região aumentou em 91%, embora tenha ocorrido alguma recuperação da vegetação nativa em 45% dos municípios após a implementação do Código Florestal.



Com apenas 31% de sua cobertura vegetal preservada, a Mata Atlântica continua a enfrentar uma forte pressão humana. Atualmente, 67% da região está ocupada por atividades humanas. Durante o período analisado, o bioma perdeu 10% de sua vegetação original, o que equivale a 3,7 milhões de hectares.



O estudo revelou que 60% dos municípios com presença da Mata Atlântica mantêm menos de 30% de vegetação nativa. Contudo, os estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e São Paulo conseguiram recuperar mais do que perderam em termos de área do bioma.



A perda de área natural afetou principalmente a floresta, incluindo formações savânicas e florestais, manguezais e restingas arbóreas, que perderam 2,7 milhões de hectares entre 1985 e 2023. A formação campestre também foi impactada, com a conversão de 2,45 milhões de hectares, o que representa uma redução de 27% dessa classe de vegetação, principalmente para agricultura e pastagem.



Em relação à vegetação remanescente, o diretor executivo da Fundação SOS Mata Atlântica, Luis Fernando Guedes Pinto, comentou: “A Mata Atlântica convive simultaneamente com o desmatamento e a regeneração, mas em regiões que não coincidem. Ainda perdemos matas nas regiões onde ainda há uma proporção relevante de remanescentes e ganhamos onde a devastação ocorreu décadas atrás e sobrou muito pouco.”



Embora as pastagens ocupem 26,23% de todo o território da Mata Atlântica, a agricultura foi o setor que mais avançou. Entre 1985 e 2023, a área agrícola na região aumentou de 10,6 milhões de hectares para 20,2 milhões de hectares. Os estados do Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul e São Paulo foram os mais afetados pela conversão para uso agrícola.



As lavouras de soja e cana-de-açúcar representam 87% das lavouras temporárias no bioma. Ao longo dos 39 anos, o cultivo de cana-de-açúcar avançou sobre 4,2 milhões de hectares, enquanto a soja ocupou mais 8,2 milhões de hectares até 2023.



A silvicultura também teve grande expansão, com a plantação de mais de 3,6 milhões de hectares, o que representa 50% da área de florestas plantadas no país. Os estados de Santa Catarina, Paraná e Bahia foram responsáveis por 60% dessa expansão.



Considerando toda a área ocupada pela agropecuária, incluindo agricultura, pastagens, silvicultura e mosaicos de uso, o total de áreas convertidas na Mata Atlântica chega a 71,99 milhões de hectares até 2023.
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