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Dólar se aproxima de R$ 6 e oposição resgata críticas de ministros de Lula sobre câmbio durante gestão Bolsonaro



Por Edu Mota, de Brasília
Foto: Valter Campanato / Agência Brasil


A escalada do dólar nesta semana, levando a moeda norte-americana a fechar na última sexta-feira (1º) em 5,86, o segundo maior valor nominal já registrado desde a implantação do plano Real e o patamar mais alto desde 2020, esquentou o debate sobre câmbio nas redes sociais. Parlamentares e lideranças de oposição aumentaram o tom de suas críticas ao governo Lula, e relembraram declarações de ministros, senadores e deputados na época em que o dólar disparou durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).



O próprio ex-presidente, em suas contas nas redes sociais, ironizou as críticas que foram feitas à disparada do dólar durante a sua gestão. Bolsonaro publicou recentemente na rede X (ex-Twitter) uma declaração dada em junho de 2022 pela então senadora e hoje ministra do Planejamento, Simone Tebet, com críticas ao governo e sua dificuldade em controlar o câmbio.



'O dólar passa de 5 reais hoje por quê? Porque nós temos uma instabilidade política e jurídica. É um governo que não garante segurança jurídica para os investidores", disse a então senadora e naquele momento, pré-candidata a presidente.



Naquele mesmo ano, em setembro, já durante a campanha eleitoral, Simone Tebet voltou a se manifestar sobre a alta no preço do dólar, associando sua subida com o presidente Bolsonaro: "Toda vez que a gente vê o presidente falar besteira, vemos o dólar subir, a inflação", disse.



Segundo analistas econômicos, a cotação do dólar explodiu nesta semana por conta de uma combinação de fatores externos e internos. O fator externo tem a ver com a eleição presidencial nos Estados Unidos, que alimenta a tensão nos mercados mundiais, já que uma eventual vitória do candidato Donald Trump pode mexer com o fluxo do comércio mundial.



Em relação aos fatores internos, as dificuldades do governo Lula de promover o equilíbrio fiscal e apresentar medidas convincentes para o corte de gastos levam investidores a uma corrida em busca da moeda americana. O anúncio da viagem do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aos Estados Unidos, com a sinalização clara de que não haveria divulgação de medidas na próxima semana, também contribuiu para a alta do dólar nos últimos dias.



A disparada do dólar e o esperado aumento da pressão no mercado de câmbio nos próximos dias inclusive levou o presidente Lula a pedir ao ministro Haddad que desistisse da viagem ao exterior para se dedicar à definição das medidas do pacote de corte de gastos. O embarque de Haddad estava previsto para esta segunda (4) e foi cancelado.



As dificuldades do governo em conseguir controlar a subida do preço do dólar levaram as redes sociais a resgatar também postagens de líderes petistas com críticas a Paulo Guedes, ministro da Economia do governo Bolsonaro. Lideranças de oposição viralizaram uma postagem resgatada da conta do PT na rede X, publicada em fevereiro de 2021, em que o partido perguntava quem chegaria primeiro aos R$ 6, o dólar ou a gasolina.



"Não tá dando para andar de carro e muito menos viajar para Disney. Na corrida maluca do governo quem perde é o povo. Quem chegará primeiro no valor de R$ 6, a gasolina ou o dólar? Saudades do PT", diz a postagem do partido presidido pela deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR).



A própria deputada Gleisi Hoffmann teve diversas postagens sobre o aumento da moeda norte-americana relembradas nas redes sociais. Em uma delas, de abril de 2022, a presidente do PT faz a seguinte afirmação: "Previsão da inflação para abril é a maior em 27 anos e chega a 12,3% e 12 meses. Petrobras sobre gasolina pela segunda semana e bate novo recorde nos postos, dólar supera os R$ 5. Vai ser assim até o fim do desgoverno. Inoperância de Bolsonaro e Guedes vai aprofundar o caos sociais", escreveu a líder petista.



Postagens feitas por parlamentares que hoje são ministros ou líderes do governo Lula também estão circulando pelas redes sociais. É o caso de tuíte de maio de 2020 do então deputado federal Paulo Teixeira (SP), hoje ministro do Desenvolvimento Agrário, na época em que a cotação do dólar bateu em R$ 5,90 a mais alta desde o início do plano Real.



"Os Bolsominios foram às ruas e criticaram o dólar a R$ 4,00, diziam querer morar em Miami na época da Dilma. Agora não conseguirão mais", publicou Teixeira.



Também atual ministra no governo Lula, de Direitos Humanos, Anielle Franco é outra que está tendo declarações sobre dólar expostas nos últimos dias nas redes sociais. Anielle publicou tuíte em outubro de 2020 afirmando o seguinte sobre o câmbio: "Fome, desemprego, queimadas, 89 mil, 7,5 milhões, rachadinhas, fake news, violência política, dólar alto, 142 mil mortes, como manter a saúde mental com isso tudo? Que desesperador essa fase hein Brasil?", afirmou.



O debate sobre o valor do dólar deve aumentar ainda mais nos próximos dias. Isto porque a eleição nos Estados Unidos acontece na próxima terça (5), e há chance real da vitória do republicano Donald Trump, o que, segundo analistas, deve potencializar a desvalorização do real e aumentar a cotação do dólar.



Esses mesmos analistas afirmam que a pressão do dólar sobre moedas emergentes vai aumentar bastante até o final da semana que vem, até porque a contagem de votos nos Estados Unidos pode demorar alguns dias. Essa pressão internacional impõe ao Brasil um risco real do dólar alcançar e até mesmo ultrapassar a cotação de R$ 6,00 pela primeira vez desde a implantação do plano Real.
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