210 baianas e baianos de acarajé de Salvador e Região Metropolitana (RMS) foram certificados durante uma cerimônia, que contou com a presença do governador Jerônimo Rodrigues (PT), do secretário de Turismo, Mauricio Bacelar, e outras autoridades. O evento de encerramento do Projeto de Qualificação das Baianas de Acarajé e de Receptivo aconteceu na tarde desta segunda-feira (11), no auditório do COI, no Centro Administrativo de Salvador. O grupo “As Ganhadeiras de Itapuã” abriram o evento com uma apresentação cultural, e na sequência receberam as bençãos do Padre Lázaro Muniz, pároco da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.
“Estou muito feliz. Uma celebração muito importante. Essa entrega faz parte das celebrações do Novembro Negro, em um mês importante para destacar uma cultura antirracista. Eu me comprometi com uma série de iniciativas, que já constam no meu programa de governo. Saímos daqui com uma data para reunião, onde definiremos um plano de trabalho que abranja não só a capacitação, mas também a oferta de linhas de crédito e melhorias estruturais para as condições de trabalho das baianas”, afirmou o chefe do Palácio de Ondina.
A capacitação foi organizada pela Secretaria de Turismo do Estado (Setur-BA) em parceria com a Associação das Baianas de Acarajé e Receptivo (Abam); e as Secretarias de Políticas para as Mulheres(SPM) e da Igualdade Racial – (Sepromi) como parte das atividades do Novembro Negro e com o intuito de estimular a integração das atividades turísticas com as economias regionais e locais da cultura afro-baiana, através da Produção Associada ao Turismo (PAT). Essa capacitação faz parte das iniciativas do Governo do Estado para fortalecer o afroturismo na Bahia.
“A qualificação das baianas valoriza nossa identidade cultural e aprimora a experiência turística, fortalecendo o papel das nossas tradições no setor de turismo,” ressaltou o titular da pasta do turismo na Bahia, Maurício Bacelar.
“Foi um aprendizado essencial, principalmente para aquelas que passam por dificuldades. Tivemos curso de maquiagem, de turbantes, e também de indumentárias, que foram fundamentais. Hoje estou muito feliz, pois várias amigas que antes não tinham vontade de usar turbante agora se espelham em mim”, completou a baiana geracional, Ana Acássia Pereira, uma das profissionais que foi contemplada pelo Projeto.
Ela vende o quitute, “Acarajé da Tânia”, há mais de 30 anos no Largo do Farol da Barra. A primeira etapa do Projeto de Qualificação das Baianas de Acarajé e Receptivo foi iniciada este ano. A iniciativa tem o objetivo de valorizar a identidade afro-baiana no setor turístico, promovendo o conhecimento, a vivência e o reconhecimento dos elementos históricos e culturais do povo negro. Com o envolvimento direto da população local, o projeto pretende ampliar as oportunidades de imersão nas tradições culturais, fortalecendo o turismo inclusivo e enriquecendo a experiência dos visitantes.
Durante os meses de setembro e outubro, ao longo de 33 horas de curso, as baianas foram capacitadas em diversas áreas essenciais para aprimorar seu trabalho e fortalecer suas práticas culturais. Entre os temas abordados na formação estavam o atendimento ao público LGBTQIAPN+, a qualidade no atendimento, técnicas de auto-maquiagem, vestimenta tradicional das baianas, montagem de turbantes e tabuleiro, além de questões como gênero, mulher e raça. Também foram incluídos conteúdos sobre autonomia feminina, autocuidado, letramento racial, marketing digital, manipulação de alimentos e empreendedorismo, com o objetivo de promover maior independência e valorização profissional para as participantes.
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Ainda segundo Bacelar: “nós temos trabalhado para valorizar diversos segmentos turísticos, com prioridade para o afroturismo, que é nosso principal instrumento cultural. Dentro desse programa, as baianas de acarajé, patrimônio imaterial, que têm um papel essencial na representação do nosso estado e no fortalecimento do afroturismo e da cultura brasileira”.
Já a secretária estadual de Políticas para as Mulheres, Neusa Cadore, destacou: “hoje foi uma tarde muito especial e aqui foram relatados depoimentos da economia. Importância desse curso, dessa capacitação, um momento também de muito aprendizado”. E durante seu discurso a secretária de Promoção da Igualdade Racial, Ângela Guimarães, lembrou, “é de muito simbolismo, representatividade, a gente está tendo a presença do primeiro governador afroindígena nessa cerimônia. Representa um marco de uma outra relação do estado com as culturas ancestrais de matrizes africanas, porque há pouco tempo, um projeto queria impedir as baianas de acarajé de vender, de montar o seu tabuleiro. Foi um projeto de perseguição e hoje, a gente vê aqui, na sede da governadoria do estado da Bahia, a junção de políticas para mulheres, de igualdade racial, turismo, trabalho emprego e renda, cultura, patrimônio, todos aqui e reconhecendo, valorizando, promovendo e assegurando dignidade”. Atualmente são cerca de cinco mil baianas de acarajé no estado.
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