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Investigação contra Gusttavo Lima segue e inclui pagamento de empresas sob suspeita e venda de jatinho



Por Folhapress
Foto: Instagram


A vida financeira do cantor Gusttavo Lima tornou-se um dos focos de uma operação da Polícia Civil de Pernambuco que investiga lavagem de dinheiro do jogo do bicho e de jogos de azar. Mesmo após sua ordem de prisão ser revogada nesta terça-feira (24), ele segue suspeito de receber dinheiro ilícito e de ajudar dois foragidos da Justiça --sua defesa nega qualquer atividade ilícita.


Deflagrada no início de setembro, a Operação Integration é a mesma que resultou na prisão da advogada e influenciadora Deolane Pereira. Ela, sua mãe e outros acusados foram liberados nesta terça.


No caso do cantor sertanejo, as principais suspeitas partiram de uma série de pagamentos recebidos por suas empresas, que somam dezenas de milhões de reais. Além disso, a polícia afirma que ele se tornou sócio da VaideBet, uma das empresas investigadas.


A Polícia Civil pernambucana fala em "indícios suficientes da participação dele no crime de lavagem de dinheiro", o que foi corroborado pela juíza de primeira instância que cuida do caso.


"Sua intensa relação financeira com esses indivíduos, que inclui movimentações suspeitas, levanta sérias questões sobre sua própria participação em atividades criminosas", escreveu Andréa Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal de Recife. "A conexão de sua empresa com a rede de lavagem de dinheiro sugere um comprometimento que não pode ser ignorado."


A defesa do cantor classificou a como decisão que decretou sua prisão como "injusta" e "sem fundamentos". "O cantor Gusttavo Lima jamais seria conivente com qualquer fato contrário ao ordenamento de nosso país e não há qualquer envolvimento dele ou de suas empresas com o objeto da operação deflagrada pela polícia pernambucana", disseram os advogados, em nota.


O desembargador Eduardo Guilliod Maranhão, da segunda instância do Tribunal de Justiça de Pernambuco, afirmou que as justificativas para a prisão preventiva e outras medidas cautelares, como bloqueio de dinheiro e imóveis do cantor, "constituem meras ilações impróprias e considerações genéricas".


Dinheiro recebido de empresas suspeitas


A investigação inicialmente mirava as empresas Caminhos da Sorte --suspeita de ligação com o jogo do bicho em Pernambuco-- e Esportes da Sorte. Em dezembro de 2022, policiais foram a uma banca de venda da Caminhos da Sorte e apreenderam guias de pagamento, anotações e outros documentos que, segundo a polícia, comprovariam mais de um tipo de jogo ilegal.


A partir daí, os investigadores começaram a analisar transações financeiras de Darwin Henrique da Silva Filho (dono da Esportes da Sorte), de seu pai (dono da Caminhos da Sorte) e de várias pessoas que receberam dinheiro dessas e de outras empresas.


"Foram identificadas cerca de 34 (trinta e quatro) empresas e pessoas físicas que realizaram transações e movimentações financeiras suspeitas com os investigados", diz a juíza Cruz numa das decisões do caso. A polícia afirma que a intenção era ocultar os lucros de jogos ilegais.


Uma das empresas de Gusttavo Lima, a Balada Eventos de Produções Ltda., recebeu ao menos R$ 9,7 milhões da Esportes da Sorte entre abril e maio do ano passado. A defesa do cantor afirma que firmou acordo para uso de sua imagem pelas empresas de apostas, e que todos os contratos que manteve são legais.


Venda de avião e sociedade


Além disso, o cantor sertanejo entrou na mira da Operação Integration por causa da venda de um jato Cessna modelo 560XLS a proprietários de outra empresa de apostas.


A aeronave era de propriedade da Balada Eventos de Produções, empresa do cantor, e foi vendida à JMJ Participações, de José da Rocha Neto, que também é dono da VaideBet. Por sua vez, a VaideBet passou a ser investigada por manter relações financeiras com a Esportes da Sorte, segundo o inquérito policial.


A polícia rastreou pagamentos no montante de R$ 22,2 milhões, em sete depósitos, pela aeronave. O inquérito da polícia registra que o valor do jato é calculado em torno de US$ 7 milhões, o que corresponde a mais de R$ 30 milhões. A polícia sustentou que houve uma ocultação de patrimônio, uma vez que a propriedade aeronave ainda não tinha sido transferida.


Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o jato ainda estaria registrado em nome de Gusttavo Lima, mas em processo de transferência para a empresa compradora. A investigação afirma, porém, que as relações do cantor com a VaideBet vão além da venda do jato.


"No dia 1º de julho de 2024, Nivaldo Batista Lima [nome verdadeiro do cantor] adquiriu uma participação de 25% na empresa VaideBet, o que acentua ainda mais a natureza questionável de suas interações financeiras", escreveu a juíza Cruz.


Viagem de investigados à Grécia


A ordem de prisão contra o cantor sertanejo, que acabou revogada, levantava a hipótese de que ele teria ajudado dois investigados --José André da Rocha Neto, dono da VaideBet, e sua esposa Aislla Rocha, que também é proprietária de empresas investigadas. Ambos tornaram-se foragidos após a deflagração da operação, no dia 4 de setembro.


Segundo a juíza, o casal estava com o cantor no voo de ida, de Goiânia a Kavala, na Grécia. Na volta, José André e Aislla já não estavam mais no avião com o artista.


Em nota, a defesa do casal disse que os dois "não praticaram qualquer ilegalidade e isso será demonstrado com fatos e documentos na investigação" e que "a medida de prisão não se justifica".


Para o desembargador Maranhão, que revogou a prisão, não há como dizer que o cantor facilitou a fuga do casal, uma vez que o embarque para a Grécia ocorreu no dia 1º de setembro, e a ordem de prisão contra o casal foi emitida no dia 3.


O Ministério Público estadual, responsável pela acusação, não analisou as evidências levantadas pela polícia contra o cantor. Promotores afirmaram que o caso deveria ser enviado à Justiça da Paraíba, uma vez que a empresa que teria feito pagamentos a Lima é sediada naquele estado
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